ATA DA VIGÉSIMA QUARTA SESSÃO SOLENE DA SEXTA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA NONA LEGISLATURA, EM 09.06.1988.

 

 

Aos nove dias do mês de junho do ano de mil novecentos e oitenta e oito reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio Aloísio, a Câmara Municipal de Poro Alegre, em sua Vigésima Quarta Sessão Solene da Sexta Sessão Legislativa Ordinária da Nona Legislatura, destinada a homenagear o “CTG 35” em razão de seu quadragésimo ano de fundação. Às dezessete horas e vinte e oito minutos, constatada a existência de “quorum”, o Sr. Presidente declarou abertos os trabalhos e convidou os Líderes de Bancada a conduzirem ao Plenário as autoridades e personalidades presentes. Compuseram a MESA: Ver. Rafael Santos, 2º Secretário da Câmara Municipal de Porto Alegre; Sr. Vilmar Ribeiro Romera, Patrão do CTG 35; Ex-Deputado João Severiano, Diretor-Presidente da EPATUR, representando, neste ato, o Sr. Prefeito Municipal, Doutor Alceu Collares; Sr. Rodi Pedro Borghetti, Diretor Administrativo do Instituto de Tradição e Folclore, representando neste ato, também, o Professor Carlos Jorge Appel, Secretário Executivo do Conselho de Desenvolvimento Cultural do Estado; Major José Hilário Retamoso, representando o Comandante Geral da Brigada Militar, Cel. PM Jerônimo Braga; Doutor Nelson Mileski, representando a Direção do Movimento Tradicionalista Gaúcho; Senhorita Sirlete Fraga Weingaertner; Ver. Mano José, Secretário “ad hoc”. A seguir, o Sr. Presidente concedeu a palavra aos Vereadores que falariam em nome da Casa. O Ver. Mano José, como proponente da Sessão e em nome das Bancadas do PDS, PFL, PCB e PT, falou sobre o transcurso, mês passado, dos quarenta anos do “CTG 35”, analisando a criação e o crescimento do mesmo e sua importância dentro do movimento tradicionalista gaúcho. O Ver. Flávio Coulon, em nome das Bancadas do PMDB e PC do B, salientou a importância do passado de um povo para a criação de uma Nação forte frente às pressões estrangeiras, comentando o movimento tradicionalista no Estado e o surgimento, em abril de 1948, do “CTG 35”. O Ver. Jorge Goularte, em nome da Bancada do PL, discorreu sobre os fundadores do “CTG 35”, ressaltando a alma poética e tradicionalista de S. Sas. e seus significados para a preservação do passado e da cultura gaúcha. O Ver. Elói Guimarães, em nome da Bancada do PDT, saudou o “CTG 35” pelo transcurso de seu aniversário, dizendo ter uma convivência com o movimento tradicionalista gaúcho que o leva a conhecer a vida campeira do Rio Grande do Sul e salientando a singularidade da nossa cultura frente ao resto do País. A seguir, o Sr. Presidente convidou o Ver. Mano José a proceder à entrega do Troféu “Frade de Pedra” ao Sr. Vilmar Ribeiro Romera e concedeu a palavra a S.Sa. que, em nome do “CTG 35”, agradeceu a homenagem prestada pela Casa. Em continuidade, o Sr. Presidente fez pronunciamento alusivo à solenidade, convidou as autoridades e personalidades presentes a passarem à Sala da Presidência e, nada mais havendo a tratar, levantou os trabalhos às dezoito horas e cinqüenta e três minutos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária de amanhã, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelo Ver. Rafael Santos e secretariados pelo Ver. Mano José, Secretário “ad hoc”. Do que eu, Mano José, Secretário “ad hoc”, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após lida e aprovada, será assinada pelos Senhores Presidente e 1ª Secretária.

 

 


O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Mano José, que falará pelas Bancadas do PDS, PFL, PCB e PT.

 

O SR. MANO JOSÉ: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, demais personalidades presentes, por certo que deveríamos ter realizado esta Sessão no mês de abril e, se pudéssemos, no dia 24, dia do aniversário do nosso CTG 35. Pela primeira vez, eu vejo “35 fazer 40”. Realmente, 40 anos de existência nos diz alguma coisa em matéria de tradicionalismo. Por certo, a minha geração veio do interior para a Capital em busca de escola para o estudo, já que, na maioria das cidades interioranas, não havia o curso Ginasial e não havia também um curso Científico, para cá acorreram. E tivemos a felicidade de nos matricular no Colégio Estadual Júlio de Castilhos, de onde, três anos antes de chegarmos, em 1950, um grupo pequeno de alunos do Colégio Júlio de Castilhos, levados, possivelmente, pela forma voluntariosa de Paixão Cortes, iniciávamos, então, o Movimento Tradicionalista Gaúcho, porque iniciava ali o CTG que, mais tarde, viria a se chamar de “35”, oficialmente, porque, ao que sabemos da história do mesmo, escrita por Ciro Dutra Ferreira, movimentos anteriores de tradicionalistas haviam morrido. O primeiro, em 1858, no Rio de Janeiro, em que reuniu os gaúchos lá residentes, e, posteriormente, no Rio Grande do Sul, em 1898, liderados pelo Major João Cezimbra Jaques, que fundou o Grêmio Gaúcho e que, também, com a ida do Major para o Rio de Janeiro, e de seus companheiros, o Grêmio Gaúcho virou sociedade bailante e esqueceu as finalidades para as quais havia sido fundado. Somente em 1947, então, Paixão Cortes e mais alguns colegas do Colégio Júlio de Castilhos, que haviam criado, no grêmio estudantil, o Departamento de Tradições Gaúchas, aproveitou a dica de uma Semana da Pátria, em que era Presidente da Liga de Defesa Nacional o Major Vignoli e, como constava da programação da Semana da Pátria, a trasladação dos restos mortais de David Canabarro, de Santana do Livramento para Porto Alegre, Paixão tomou a iniciativa e foi falar com o Major Vignoli, para fazer a guarda dos restos mortais de David Canabarro, a pata de cavalo, com os gaúchos montados. E, para isto, conta-nos Ciro Ferreira do trabalho que teve Paixão em conseguir, primeiro, os arreios, depois, os cavalos, mas, o pior – conta-nos Ciro – foi conseguir os gaúchos para montar. Por quê? Porque andar de bombacha era ser palhaço, porque andar de bombacha era ser grosso. E nós, que viemos do interior e trouxemos na nossa bagagem e que vivíamos, nos dias de folga, de bombacha, ouvíamos muitas vezes: “puxa cara, deixa de ser grosso, tira esta bombacha!” Mas falou sempre mais alto o brio do gaúcho, o sangue do gaúcho, e, sobretudo, o orgulho do gaúcho, das peripécias, das lutas, e ninguém pode esquecer da Revolução Farroupilha, em que os gaúchos das estâncias, juntamente com seus peões, lutavam contra o Império, e o fizeram, realmente. Começou, então, o 35, naquele dia em que acompanharam, da Avenida Farrapos, até o Cemitério da Santa Casa de Misericórdia, onde foram colocados os restos mortais de Davi Canabarro. Ali, começou a germinar a semente que aquele pequeno grupo de oito pessoas havia plantado, naquele dia, naquela caminhada, da Av. Farrapos à Praça da Alfândega, e da Praça até o cemitério, decidiram então que não podiam-se dissolver, e que deveriam começar ali a fundar o CTG, a criar alguma coisa para cultivar as tradições do nosso pago. Aí então começaram as grandes dificuldades: primeiramente, se reuniam, por algum tempo, na casa de Paixão Cortes, sob o beneplácito de D. Fátima, sua mãe; posteriormente, passaram para o porão da casa do Dr. Alfredo, na Rua Duque de Caxias, depois passaram a se reunir, durante 10 anos, na Farsul, e somente o Governador Euclides Triches é que foi resolver o problema, em definitivo, do 35, dando-lhes do terreno onde hoje se encontra o galpão. Naquela oportunidade, nós também nos juntamos quase que anonimamente às fileiras, e, através daquele peão do 35, Adermo, fiscal do Departamento Municipal de Limpeza Urbana, trabalhávamos juntos, eu como Diretor. Foi ele ao meu gabinete pedir se era possível que se aterrasse o terreno do 35 com a terra e com as coisas que se juntavam na rua. Especialmente a terra varrida. E mais alguns outros caminhõezinhos que se enfiavam por lá, e nós dissemos a Adermo: “pode aterrar o terreno.” Vamos auxiliar o 35 a ter o seu galpão. Vamos auxiliar esta indiada guapa a fazer deste chão cada vez mais um chão de orgulho de todos nós, que viemos do Interior e aqui estamos, que lá no Interior participamos muitas vezes de rodeios, de marcação de gado e de castração de gado, e como gostávamos, em roda da fogueira, quando o animal era castrado e jogado em cima do braseiro, e lá iam os peões, como nós íamos também, juntar e comer, porque é muito gostoso. Todos aqueles que têm vida de campo sabem disto.

Pois prestamos, naquela ocasião, meu caro Adermo, um servicinho ao 35, e nós, que permanecemos aqui, fomos para a vida pública. Realmente, tivemos ao longo da nossa vida pública a preocupação de auxiliar realmente aqueles CTGs que viessem recorrer a nós. E aqui está o meu caríssimo Nelson Mileski, integrante do CTG Maragato, o que com muito esforço, com muita luta nós conseguimos, na Administração Thompson Flores, um terreno encravado na Vila Floresta, para que lá os Maragatos também pudessem sentar o seu galpão e pudessem, com tranqüilidade, passar a reunir os gaúchos de toda a redondeza para lá cultuar as nossas tradições. Estivemos integrados, também, na luta do CTG Tiaraju, ao qual, sabemos, o nobre Ver. Elói Guimarães também pertence. Quando queimou o CTG Tiaraju, lá estivemos, junto com a gauchada do CTG para reerguer novamente aquela sede que está lá hoje, e tivemos, como recompensa, a amizade de todos os integrantes desses CTGs. Para satisfação nossa, fomos escolhidos para Patrão de Honra desses dois CTGs. É uma satisfação para nós, sempre que falamos em CTG, podermos dizer que temos serviços prestados a esses CTGs, mas apenas fiz esta pequena digressão a meu respeito para justificar que não propus a esta Casa uma Sessão, alheio ao movimento tradicionalista, mas o fiz porque estive sempre junto com os CTGs de Porto Alegre, junto com o MTG, e não poderia deixar passar, de assinalar, de registrar nos Anais da Casa os 40 anos do CTG 35, e que teve, ao longo dos anos, como patrões, colegas do Júlio de Castilhos – lembro agora Flávio Ramos, Vítor Teixeira, Borghetti, Paixão Cortes e outros que não tive o prazer de conhecê-los, como colegas do Júlio de Castilhos, mas sei que o 35 sempre teve patrões dedicados em prol da causa do tradicionalismo. E, hoje, tem aquele homem que desponta, realmente, no meio do tradicionalismo gaúcho de nosso Estado, que é Vilmar Romera, que comanda o 35 e que está elevando o 35, hoje, a patamares que o 35 não havia alcançado até hoje, porque sempre lutou com dificuldades financeiras como de resto, normalmente, os CTGs lutam. Sei que Romera está fazendo muito pelo 35 CTG e fará muito mais, porque estar vestido de gaúcho, ser gaúcho, fazer o tradicionalismo, cultuar as nossas tradições, possivelmente seja o maior lema, aquilo que procura, aquilo que faz nos seus programas de televisão, nos seus programas de rádio; ele vive, como os ex-patrões vivem também e normalmente os peões, todos aqueles que pertencem aos CTGs passam a viver, realmente, aquilo que eu chamaria de gauchismo.

Parabéns, meu caro Romera; parabéns, meu caro Borghetti, parabéns a todos que pertencem ao 35 CTG pelo grito que deu o 35 CTG, no início das suas atividades, pelo contágio que transmitiu a todo o Rio Grande, para que todo o Rio Grande passasse a se organizar em CTGs; o exemplo que deu o 35. Só pelo exemplo já mereceria a nossa homenagem. A homenagem da Casa de Porto Alegre.

Enquanto, meu caro Romera; enquanto, meu caro amigo Borghetti; enquanto, meu caro, Nelson Mileski; enquanto, meus amigos integrantes dos vários CTGs, houver homens da estirpe de Romera e Borghetti e Nelson Mileski, Barbosa Lessa, Paixão Cortes e de todos vocês, as nossas tradições estarão sempre revividas, porque o povo não pode jamais esquecer sua memória, porque esquecendo a sua memória, haverá de perder a sua identidade, e um povo não pode viver sem a sua identidade. Parabéns, meu caro Romera, parabéns a todos os integrantes do CTG, o meu abraço fraterno, hoje, em nome do meu Partido, PDS, em nome do PFL, em nome de Lauro Hagemann, do PCB, que também é um companheiro de Júlio de Castilhos e em nome do PT, que nos pediu, através do Ver. Antonio Hohlfeldt, para que transmitíssemos nossos parabéns. Continue, gauchada, vamos em frente, porque esta Casa estará sempre ao lado das grandes causas do nosso tradicionalismo. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Concedo a palavra ao Ver. Flávio Coulon, que falará em nome das Bancadas do PMDB e do PCdoB.

 

O SR. FLÁVIO COULON: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, minhas Senhoras e meus Senhores, quem tem um pé plantado no passado não cai no caminhar para o futuro. Pode até escorregar, dar um tropicão aqui ou ali. Mas não cairá, porque foi somando experiências que o homem construiu tudo isto que hoje se chama Civilização. E, no entanto, o Rio Grande já foi um estado desinteressado pelas coisas de sua História e de suas tradições. Durante o século passado, e as primeiras décadas deste, poucas entidades se interessavam em estudar as raízes de nossa cultura. Entre estas, não se pode deixar de lembrar o “Partenon Literário” e o “Grêmio Gaúcho”, aqui de Porto Alegre, a “União Gaúcha João Simões Lopes Neto”, de Pelotas, nem o “Clube Farroupilha”, lá de Ijuí. Foram sementes pioneiras na resistência ao assédio de culturas estranhas. Mas foram, também, manifestações restritas, localizadas, sem frutificar em novos núcleos.

Isto incomodava, e muito, a um grupo de guris que, em 1947, estudava no Colégio Júlio de Castilhos. Vindos do interior, eles se reuniam para matear, contar causos e recordar os pagos. A segunda grande guerra mal havia terminado, e viam com desgosto a imposição maciça de influências estrangeiras entre a cultura do Brasil e do Rio Grande. Por isso, quando os restos mortais do General David Canabarro, herói Farroupilha, foram trazidos de Livramento para Porto Alegre, naquele mesmo ano, oito destes guris se pilcharam e foram recebê-los à cavalo. Era a primeira vez, em muitos anos, que Porto Alegre tinha suas ruas percorridas à pata de cavalo por um grupo pilchado, sem que fosse revolução.

Foi um sucesso.

A visão dos oito despertou em muita gente a vontade de voltar a ser gaúcho, não mais por acidente de nascimento, mas como postura frente a vida. E foi assim que surgiu, no dia 24 de abril de 1948, o “35 – Centro de Tradições Gaúchas”. E surgiu com tamanho ímpeto, que logo deixou claro que era uma semente boa, daquelas que germinam e brotam mal tocam em terra fértil. Tanto assim que, em agosto do mesmo ano, era fundado em Taquara o “CTG O Fogão Gaúcho”, nos mesmos moldes do “35”. Foi como um rastilho de pólvora. Agora, 40 anos passados, mais de 400 CTGs espalhados pelo Brasil e América a fora, a gente percebe que aqueles oito guris pilchados e montados, fazendo guarda aos restos do General Canabarro, estavam mesmo iniciando uma revolução que saiu vitoriosa, e que tem no “35 CTG” o seu pólo de referência.

É uma luta difícil, esta pela preparação da nossa cultura. Uma luta que exige, antes de mais nada, firmeza de convicções. Cada modismo que surge investe contra o que existe de mais tradicional, mesmo quando bebe de sua fonte. Exemplo perfeito é a frase de Astor Piazzola, dita quando seu “Novo Tango” era visto com desconfiança pelos conservadores, que preferiam a forma cristalizadas da música folclórica e do tango de seu país: “O gaúcho é uma invenção dos argentinos para distrair os cavalos”.

Impossível concordar com o maestro, ainda que se possa compreender sua ira naquele momento. O gaúcho, habitante deste pampa sem fronteiras, é um tipo criado pelas próprias circunstâncias geográficas, climáticas, econômicas e históricas. E está presente tanto no tradicionalismo cristalizado, quanto na música de vanguarda de Piazzola, na Argentina, ou dos irmãos Hamil, no Brasil. Aqui em nosso País, estas raízes, que hoje nos dão jovens como Borghetinho, reconhecido internacionalmente, sobreviveram a partir da luta e do exemplo do “35 CTG”. Foi desta semente fecunda que brotou o caule do Movimento Tradicionalista Gaúcho. Foi a partir da luta pela preservação de nossas tradições que se tornou possível, até, contestá-las. Pois, não houvessem aqueles jovens, entre eles Paixão Cortes, Barbosa Lessa e o saudoso Glaucus Saraiva, primeiro patrão do “35”, não houvessem eles levantado a bandeira da preservação de nossas tradições, hoje seríamos um estado sem memória e sem caráter.

Não é exagero dizer que o Rio Grande é o que é, tem a personalidade que tem, graças ao trabalho de preservação que começou com o “35 – CTG”. Daí a importância inegável desta coragem. É o justo reconhecimento a uma entidade que, durante quatro décadas, tanto fez por nosso Estado, a partir de Porto Alegre, seguindo o lema criado por seus fundadores e que hoje, como sempre, continua atual e dinâmico:

“Em qualquer chão, sempre gaúcho.” Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com palavra, o Ver. Jorge Goularte, que falará pela Bancada do PL.

 

O SR. JORGE GOULARTE: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, minhas Senhoras e meus Senhores, para mim ficou bem mais fácil, depois dos discurso histórico do Mano José e do discurso brilhante do Flávio Coulon, falar neste momento. Quero lembrar os fundadores, o Glauco Saraiva, Barbosa Lessa; Ciro Ferreira; Paixão Côrtes; Silva Netto, o médico que está em Dom Pedrito. Eu estava lembrando que o Patrão Velho já nos levou gente boa, que lá no Céu estão a conviver com Ele. Lá está Glauco Saraiva, em seu amargo doce, que deve estar não só tomando, mas declamando para o Patrão Velho buenacho: “Amargo doce que sorvo, num beijo em lábios de prata, tens o perfume da mata, molhada pelo sereno ...” Que lindo! Glauco Saraiva. Lá deve estar, tenho certeza, um Guilherme Schutz Filho, que, pelo que fez aqui na terra, deve ter mesmo entrado a cavalo no céu, como pedia nos seus versos. E Deus deve ter-lhe concedido essa bondade pelo grande poeta, grande regionalista que foi. Vejam que lá no céu tem o grande declamador Darci Fagundes. Tenho certeza de que o Darci deve estar declamando para o Criador, com a sua irreverência, confessando que é amigo de Santo Onofre, que toma uns tragos – Santo Onofre também não era de laçar com sovéu curto – e dizendo que “Tomara que Santo Onofre seja no céu meu parceiro, garanto que o dia inteiro nós vamos ter cana e pinho, e assim terei meu cantinho, na invernada do Senhor, sendo mais um pecador tendo um Santo por padrinho...” E mais irreverente e andejo, mas meu último desejo expresso nesta oração: não fale-me o coração que no céu não terá luz e amarrem bem minha cruz com as cordas do meu violão...” Deve ser por aí que Deus está se entretendo no céu com nossas coisas, com os nossos costumes, com as nossas raízes, como nós somos. É assim que nós somos e é assim que gostamos de ser. Tenho certeza de que, quando saímos do Rio Grande, carregamos ainda mais no sotaque para mostrarmos que somos gaúchos. Porque nós somos gaúchos mesmo, não é fanfarra! Então, meu caro Romera, como é bom nós estarmos a homenagear o 35. Este Vereador que tanto ama a tradição e que é amigo de todos os Senhores, de muitos anos, quantos amigos vejo aqui, para felicidade minha, e caberia até se dizer aqui, agora, o “Parabéns Campeiro”, do Eleon Salvador, de General Câmara, mas, para encerrar esta palestra que faço; não é um discurso, é um convívio com os amigos, já que me foi facilitado pelo histórico do Ver. Mano José, eu só poderia, neste momento, invocar o grande poeta de Livramento, Alceu Vamosi, e encerrar a minha oração dizendo, assim:

“Se há nesta vida um Deus para os acasos, que pela humanidade o bem reparte, que dê ao 35 a melhor parte, que venturas lhe dê sem lei e sem prazos, porque de alegria tenho os olhos rasos. Pela gana, amigo, ao vir brindar-te, quando vejo que até para saudar-te, as flores se debruçam pelos vasos. Meu brinde é sumário, incerto e breve, se o nome que se quer quando se escreve quebra-se a letra em traços ideais, um CTG como este, quando se brinda, tem-se a missão cumprida, a festa finda, quebra-se a taça e não se bebe mais”. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Elói Guimarães, que falará pela Bancada do PDT.

 

O SR. ELÓI GUIMARÃES: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, demais presentes a esta Sessão, para usar uma expressão, fui pialado, Romera. Fui pialado porque me encontrava numa reunião de Bancada, e a Liderança do PDT me pediu que expressasse aqui o pensamento e a saudação do Partido Democrático Trabalhista, nesta Sessão, homenageando o nosso 35.

Eu diria que tenho uma vivência com o Movimento Tradicionalista Gaúcho, com os nossos Galpões, com os nossos CTGs. Ademais, tive a oportunidade, eu até diria, a satisfação de viver durante algum tempo nas lides do nosso Rio Grande, na sua agropecuária, nas nossas coxilhas, no nosso Pampa. Eu, o Romera e os nossos amigos tradicionalista até carreira corremos. Uma das grandes satisfações que eu tinha era de, num domingo, encilhar um petiço rozilho que eu tinha e rumar em direção às carreiras. Essas coisas ficam marcadas na alma e no coração da gente. Então, eu tive esta oportunidade, muito grata, de viver a vida campeira. E, de lá para cá, sempre que posso, estou no convívio dos nossos costumes e hábitos. Mas eu diria que o Movimento Tradicionalista Gaúcho, criado há 40 anos, pelos nomes aqui já mencionados – do Paixão, Glauco, Dr. Ciro, Barbosa Lessa e outros – representou, palanqueou, por assim dizer, uma das culturas próprias do nosso País. Nós, que estamos aqui, eu diria, no garrão da Pátria, aqui nesta ponta, divisando com a Argentina e o Uruguai, por fatores históricos baseados no lombo do cavalo, criamos uma cultura própria. A atividade do Rio Grande se faz, basicamente, pela atividade campesina. Nos primórdios da província, a atividade do Rio Grande era basicamente campeira. O Rio Grande nasceu campeiro e vai continuar campeiro, porque os CTG, neste processo do industrialismo e do consumismo que se desenvolve, os CTG estão palanqueando esta cultura e haverão de manter perpetuamente esta cultura, que os tempos poderiam, pelo processo que se chama de modernização, absorver. Então, o Rio Grande, pela sua cultura de atividades e hábitos, nasce campeiro. O Rio Grande se faz no lombo dos pingos. E há uma expressão que nós, permanentemente, estamos colocando: nós, gaúchos, somos brasileiros por opção, nós decidimos ser brasileiros, porque, durante 200 anos, nos batemos na fronteira, lombo do pingo, com as nossas adagas, espadas demarcando a nossa fronteira. Então, aí começa este processo que retempera, que funde um tipo característico deste País heterogêneo, o Gaúcho, e cria um conjunto de valores que se expressam nas mais diversas formas, na música, que leva para o Brasil e para o mundo a nossa cultura, seja através desta maravilha que é a poesia, onde contamos a história da terra, do chão, do cavalo, do pingo, da prenda, seja através de todos esses valores, aí, meus caros patrões e prendas, se coloca, exatamente aí, meu caro Retamoso, o grande papel que se reserva, se reservou aos nossos centros de tradições. São exatamente uma verdadeira universidade, recolhendo, através dos tempos, toda a nossa atividade,  produção e cultura, e vivenciando essa cultura que a nossa própria destinação histórica concebeu. Então, o Rio Grande tem nos seus CTGs, espalhados por este País, hoje, Santa Catarina, Paraná, Mato Grosso, Roraima, enfim, o Brasil todo tem os CTGs como chamas vivas, a atestar a presença de uma cultura, a presença do gaúcho. Então, este movimento magnífico que formou e que mantém uma cultura própria, tem nos CTGs, os nossos CTGs, os nossos galpões um papel fundamental na perpetuação do caráter do comportamento, dos valores do Rio Grande do Sul.

Então, meu caro Mano José, é muito oportuna, é muito significativa esta Sessão de homenagem ao nosso 35, que representou a nossa primeira invernada. Foi exatamente através do 35 que se espraiou pelo Rio Grande e, de resto, pelo Brasil o Centro de Tradições Gaúchas, a manter, através dos valores culturais, esta verdadeira atmosfera que é o nosso Rio Grande que tem tantos valores, valores de toda ordem, valores étnicos, valores climáticos, inclusive a bravura do homem do Rio Grande que se retemperou, nas coxilhas e no pampa, durante um longo processo onde o homem, este sempre presente com a sua atividade fundamental, que é a atividade campeira. E o CTG, ao longo dos anos, recolheu todo este material, todos estes valores e os preserva, e os preservamos. Mas me permita o Presidente, os patrões e as prendas. O meu amigo aqui, nosso Vereador, suplente, Brizolinha, que é uma figura tão querida, está me acenando, me acenando, está mascando freio, e quer fazer um aparte. Então, eu vou sair um pouco. Nós estamos numa Sessão Solene, mas me permitam, até pela espontaneidade que existe nos galpões, me permita o Presidente que eu dê um aparte ao nosso amigo, irmão, está pilchado, entusiasta, tradicionalista metido a pajeador, o nosso Brizollinha. Vamos dar um apartezinho curto, ao nosso amigo Brizolla, que é um homem que vem lá das Palmeiras, da terra da erva mate. Mas um aparte rápido ao amigo Getúlio, porque senão, eu sei, ele não vai dormir direito.

 

O Sr. Getúlio Brizolla: Se a Mesa me der este momento eu quero apertar a mão do Mano José, que teve esta iniciativa importante, do Romera, a patrão do maior CTG para mim, pois é o pioneiro. Quando Vilmar já atuava eu era um piá e boleava a perna por aí. Um homem que me deu o prazer de ser até prefeito de Palmeira das Missões, minha terra natal e que hoje me convida a concorrer, não pelo PDS, mas sim pelo PDT. Sou tão feliz, Elói Guimarães, pela oportunidade que me dás e pela pureza que tens em homenagear esta pessoa tão importante. Parabéns ao Mano José, que teve esta idéia, Romera, e a estes gaúchos que temos, de lenço, quero transmitir um abraço de um para outro. Uma porque eu tenho certeza que esta Capital gaúcha não é só de gravata que se vence, mas vamos apertar as mãos e vamos vencer de lenço, que acho muito melhor um lenço no pescoço quando um gaúcho sabe atar. Muito obrigado. (Palmas.)

 

O SR. ELÓI GUIMARÃES: Diria, Sr. Presidente, patrões e prendas, que há um aspecto fundamental dente tantos que poderíamos discorrer, que é a questão que se leva nos galpões, nos CTGs, a questão evangelizadora, telúrica e dos valores pátrios, dos valores culturais do nossos Estado. Não há, indiscutivelmente, na cultura latino-americana e na cultura brasileira, um povo mis telúrico do que o gaúcho. Isto é uma marca que pertence a todos nós. Este amor ao chão, ao pago, à querência, este amor aos seus valores, à prenda, isto forma efetivamente um caráter que riscou à ponta de lança a própria história do nosso País. Esta aí a História do Rio Grande, esta aí a História do Brasil, é que se mediu, por todas as formas, até pelo cortejo de armas, daqui partiram gritos da nacionalidade, de brasilidade e o vem do fundo da história, vem até do Sepé Tiarajú- aqui mencionado pelo Mano, do nosso CTG Tiaraju – que, com o seu nome, simboliza aquela figura que nós tivemos no passado, aquele Centauro. “Esta Terra tem dono.” Por todo um processo cultural dos nossos CTGs, eu digo, Romera, Borghetti, Nelson, caros patrões e prendas, os CTGs desempenham este papel de recolher exatamente todo este material, este processo que não está nos livros, mas que o sentimento dos gaúchos vão fazendo, nos Centros de Tradições, verdadeiros museus vivos, repositórios da própria História.

Então, os nossos CTGs desempenham um papel fundamental à vida do País e à vida do Estado, e o nosso CTG 35 é campeador, sinuelo deste grande movimento cultural que ainda a História vai contar. A história ainda haverá de contar o papel que esta verdadeira universidade, que se chama CTG, exerce para o futuro de um povo, o futuro de uma raça.

Então, fica aqui a nossa saudação, a nossa homenagem, o nosso carinho e o nosso afeto ao CTG 35!

Quero dizer que eu sou um homem que conheço o Movimento por dentro, sou um homem que usa a bombacha e a bota, que gosta, Brizolla, de atar o lenço no pescoço.

Fica aqui a nossa saudação. Eu, que já participei tanto de CTGs, tenho participado em tantas tertúlias, em tantos movimentos, gosto, Brizolla, de vez em quando, de pegar o violão e fazer uns floreiozinhos, declamar uma poesia, e por aí se vai. Então, nós conhecemos, e bem sentimos o significado histórico, o significado cultural, profundamente cultural que os nossos galpões e os nossos CTGs representam. Enquanto houver CTG, estará sempre de pé o caráter de brasilidade, e quando todo este processo de modernidade, não sei se modernidade é, este processo de consumismo, quando a gente encontra, ainda, exatamente esses redutos, de retenção das culturas que este processo avassalador busca tomar, é momento de saudação, sim, é momento de homenagem. Sim, porque ali, exatamente ali, Mano José, exatamente num movimento tradicionalista, que se expressa das mais diferentes formas. É no verso do Rematoso, é na gaita do Borghetinho, por todas as formas, é no lombo dos pingos, é na bota, na bombacha, é no lenço, é na faca, é no trabuco que se traz à cintura, aí se expressa toda uma atmosfera de cultura e de valor. Isto nós precisamos preservar. E quando nós vemos o movimento tradicionalista se fortalecer, nós temos um compromisso com a terra e o chão, nós temos um compromisso com a cultura e o regionalismo, nós haveremos de continuar sempre preservando a nossa cultura e a nossa tradição.

Então, aqui, um forte abraço, e um abraço do tamanho do Rio Grande, do tamanho do Brasil ao nosso querido CTG 35, e a todos os presentes a nossa homenagem, a certeza e a convicção de que nós, tradicionalistas, exercemos um papel cívico que diz com a cultura que nós temos de preservar, sob pena de perdermos a memória – e aqui eu estarei dizendo obviedades, mas o povo sem memória é povo sem História, e a História se faz no CTG, recolhendo todos os valores. Um povo sem história é um povo sem futuro, é um povo sem memória. Então, viva o nosso 35, e que continue e, agora, não tenhamos dúvidas, com a patronagem do Romera, nós vamos ter significativos avanços. João Severino, tu, que diriges um órgão importante, eu acho que nós temos um potencial tão rico, de cultura, de valores, que nós temos que melhor aproveitar. Estão aí os nossos CTGs e as nossas manifestações culturais por todo Brasil. Quem vem ao Rio grande quer tomar contato com as nossas coisas. Está aí a nossa Estância que deve, na minha opinião, ser tirada dela, com o movimento tradicionalista, todo o potencial que ela pode nos oferecer.

Portanto, ao encerrar, novamente os meus cumprimentos e a nossa saudação ao nosso 35 que comemora, neste ano de 88, 4 décadas de dedicação, evangelização ao nosso grande movimento, que é o Movimento Tradicionalista Gaúcho. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Esta Casa instituiu o Troféu Frade de Pedra, que traduz o apreço da população porto-alegrense a todas as pessoas e instituições que, de alguma forma, prestam serviços à comunidade. Historicamente, o Frade de Pedra traduz a hospitalidade rio-grandense, uma vez que representa o símbolo da fraternidade e boas-vindas.

Eu convido o Ver. Mano José, autor da proposição que determinou esta Sessão Solene, a fazer a entrega, ao Patrão do 35, Sr. Vilmar Ribeiro Romera, do Frade de Pedra, como símbolo da nossa amizade.

 

(O Ver. Mano José faz a entrega do troféu ao Sr. Vilmar.)

 

O SR. PRESIDENTE: Concedo a palavra ao Sr. Vilmar Ribeiro Romera, Patrão do CTG 35.

 

O SR. VILMAR RIBEIRO ROMERA: Companheiros, acho que o dia de hoje, para mim, tem um significado duplo. Sou um homem feliz por dois motivos, o primeiro por ser gaúcho, o segundo, por ter a honra de presidir, de ser patrão de uma entidade que orgulha o próprio Brasil, que é o 35, Centro de Tradições Gaúchas.

Quero cumprimentar ao ilustre presidente deste ato, Ver. Rafael Santos. Quero cumprimentar o meu querido irmão e amigo de todos e por todos, grande João Severiano, Presidente da Epatur. A essa figura que muito se deve o Rio Grande, que é o próprio Rio Grande, meu querido poeta José Hilário Retamoso, que aqui representa o Comandante Geral da Brigada Militar. Ao meu amigo Rodi Pedro Borghetti Conselheiro atual do 35, Ex-Presidente do Movimento Tradicionalista Gaúcho e Ex-Presidente do 35, hoje, Diretor Administrativo do nosso Instituto Gaúcho de Tradição e Folclore. Ao nosso querido Nelson Mileski, que representa aqui o Movimento Tradicionalista Gaúcho, o MG, e com muito carinho e me orgulha muito, ser ele o coordenador da 1ª Região Tradicionalista, da qual o 35 faz parte.

Agradeço a minha patronagem que se faz, praticamente, presente aqui. Conselheiros, aos gaúchos pilchados, aos sócios do 35: Patrões de outras entidades, que aqui vieram. E como sou um homem que não tenho papas na língua, nunca tive, não deixaria um momento desses, tão lindo, de dizer que contava com esta Casa, com este Galpão do Rio Grande, que é a Câmara de Vereadores, com um número de gaúchos, que foram, convidados. O momento é significativo. E tomara que lembrem de outros CTGs, nesta Casa, porque eu e a minha patronagem, o 35, aqui se fará presente. Eu notei que cada companheiro, cada amigo, cada Vereador que aqui usou da palavra, e eu quero pedir aos senhores, com muito respeito e carinho, uma grande salva de palmas à figura responsável por este Ato Solene, a este Gaúcho de fato e de direito, querido Vereador Mano José. (Palmas.)

Quero agradecer as palavras do Ver. Flávio Coulon, do Vereador, meu amigo e meu irmão, Jorge Goularte; do Ver. Elói Guimarães meu querido irmão, cujos filhos fazem parte do 35, vão lá declamar, é um homem que gosta de usar a bombacha, que gosta de tocar uma viola, dizer uma poesia, e muito obrigado pelo teu carinho de ter concedido a palavra ao hoje Suplente de Vereador, até há poucos dias Titular, nesta Casa, meu querido Getúlio Brizolla, que tão bem lembrou a sua Palmeira, onde estive há duas semanas, atrás, e também lá em Palmeira tem um pedacinho do nosso 35 na figura de Vilmar de Souza, que é um dos fundadores do 35.

Meus amigos, contar o 35 aqui não precisa, porque ele foi contado. Em prosa e verso foi dito, aqui, o que é o 35. Ainda há pouco, antes de vir para cá, eu disse a uns companheiros da Polícia Rodoviária Federal, quando falava de seus filhos, que as suas crianças estavam sendo levadas para dentro de um CTG, parabéns, os Senhores estão levando seus filhos para dentro de um templo de tradição. Porque o CTG, uma entidade, um Centro de Tradição Gaúcha, é um próprio templo de tradição. Todos aqueles que conseguiram tradição. Todos aqueles que conseguiram trazer seus filhos, os seus parentes, os seus amigos para dentro de uma entidade tradicionalista, para dentro de um centro de tradições gaúchas, poderá dormir tranqüilo, por saber que seu filho realmente está seguro, porque o centro de tradições é uma escola onde se cultiva, antes de qualquer coisa, nos bailes, com os homens de vivência mais larga do tradicionalismo, o bom caráter, as boas amizades, coisas de um homem de bem. Isto é um Centro de Tradições e é para isto que ele se propõe. Repito da nossa felicidade de estarmos nesta Casa, hoje. Os Srs. Vereadores, cada um que usou da palavra, disseram “o nosso 35”. Isto é lindo, gente, porque o 35 não tem dono. O Tiaraju tem o seu lema, diz que “esta terra tem dono”. E o 35, por ser uma entidade do Rio Grande e do Brasil, ele não tem dono, ele é de todos nós; Este 35 que, hoje, é cantado em prosa e verso, não só no Estado e no Brasil, como no exterior, porque, quando se fala em tradições gaúchas, quando se fala em Rio Grande, se fala em 35 – Centro de Tradições Gaúchas. O 35 plantou muito bem plantada esta semente. E ela foi sendo adubada, aos poucos, aos trancos e barrancos, e conseguiu largar outras sementes, não só no Rio Grande, mas em outras plagas. Hoje, fala-se que, em Santa Catarina, há cento e poucos centros de tradições gaúchas. Lá, se forma, hoje o MTGC – Centro de Tradições Gaúchas e Catarinenses. São Paulo tem um centro de tradições gaúchas. No norte do País, nem se fala, porque é brincadeira o que existe. E, agora, mais recentemente, inclusive numa palestra do Antônio Augusto Fagundes, o Nico, ele nos dizia que, em Nova York e no Japão, está sendo fundando um Centro de Tradições. Meus amigos, vejam a grandeza do nosso movimento! O nosso movimento é cultura e os Senhores podem ter a certeza de que o “35” tem a sua história assentada na figura dos oitos companheiros que, peleando, fundaram o nosso glorioso Centro de Tradições, cuja história começou pelo primeiro patrão, o saudoso Glauco Saraiva, e continua, hoje, na figura de Vilmar, Romera como o patrão dos quarenta anos. O 35 seguirá na história, amanhã com outro, mais outro e mais outro patrão; nós passamos, o 35 fica. E quando o 35, Mano José, é lembrado, quando o 35 é obsequiado num momento tão solene como este, nos emociona, nos toca porque nós amamos demais esta terra. E, até, hoje, aquele verso de Marco Aurélio Campos, que diz: “Eu sou gaúcho e me chega prá ser feliz no universo”. Acho que ser brasileiro nos orgulha, agora, ser gaúcho é uma dádiva do céu. Nós também usamos a gravata, porque o ser gaúcho não está na pilcha, a pilcha identifica o gaúcho, mas te dou razão, Getúlio Brizolla, sinto-me com o pescoço mais frouxo quanto ato meu lenço e não importa a cor, se é o branco de chimangos, se é o vermelho de maragatos ou um lenço preto como o que tu usas no pescoço, o problema é que o lenço identifica muito bem os gaúchos. Meus amigos, tenho certeza de que não preciso dizer obrigado, o 35, como eu disse, não é nosso mas aqui o estamos representando. Tem razão o Flávio Coulon tem razão o Mano, tem razão o Jorge, tem razão o Elói, tem razão o Getúlio, quando falam do nosso 35. Então, neste dia, à noite, o Rio Grande está de festa porque o seu pioneiro, aquele que é responsável hoje por esta série de sementes plantadas, comprovadamente, não só no Estado, não só no País como no Exterior, está em festa. E aquele mimo que nós vamos levar aos nossos colegas, companheiros de patronagem, onde irá para a Ata do 35; quando ficará na História do 35 este momento aqui passado, vocês podem ter certeza, será mais um pouquinho do vento minuano que aquele laço atirado por aqueles 8 moços, que, no primeiro tiro do laço, guardará dentro da História do 35.

Eu quero dizer que, hoje, aqui, quando vejo prendas presentes, o tradicionalismo não é feito só do homem, só do macho, o tradicionalismo é feito também da prensa e a mulher gaúcha tem um significado muito grande da própria cultura do nosso Estado. Dentro desta cultura desenvolvida dentro do Centro de Tradições Gaúchas

Digo isto porque aqui também tem uma patroa de CTG. CRT Rodeio do Bem-Querer do qual o seu patrão, o seu grande responsável, o seu Presidente é aquele jovem ali, uma das cinco mulheres patroas de CTG, hoje, dentro do Rio Grande do Sul. O próprio Maragato tem hoje, também, no seu comando uma patroa. Então, a mulher também faz parte desta peleia nossa. A mulher também está junto conosco e muito deve o homem a você, mulher gaúcha, por toda esta marca bonita da História do Rio Grande. Toda esta marca bonita da História do Rio Grande, esta marca de peleia de luta e de e glória e este momento passará para a História, que no dia 9 de junho de 1988, uma Sessão Solene, iniciada às 17h33 minutos. Uma proposição de um irmão Gaúcho, Ver. Mano José, o 35, pioneiro do Rio Grande colocaria na sua carreta mais um mimo, um mim do qual não sou o responsável, mas sim a própria cultura do Rio Grande do Sul porque na sua marca um nome tão sagrado par ao Rio Grande e para o Brasil, que é nosso glorioso 35. Por isto digo, “Viva o Rio Grande do Sul”, com respeito a todos e a tudo, pois para mim posso dizer bem alto que é o maior pago do mundo. Permita-me agradecer, em nome da entidade que é um pouco de mim e que dou um pouco de mim, se pudesse daria toda minha vida pelo 35, pois o 35 é merecedor disto. Permita-me usar nosso lema agradecendo a todos Vereadores que aqui fizeram uso da palavra, os que não fizeram uso da palavra, e dizer aos senhores o muito obrigado. É o Rio Grande do Sul que agradece à Câmara de Vereadores de Porto Alegre por este gesto tão bonito, É por isto que haveremos sempre de gritar este lema que faz do nosso dia-a-dia, do ontem, do hoje e do sempre: “Em qualquer chão sempre gaúcho.” Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Diversos oradores que estiveram aqui e se fizeram ouvir no dia de hoje deixaram, de uma maneira muito clara e precisa, que o sentido desta homenagem não era apenas pela simples passagem do 40º aniversário do CTG 35. Mas, mais do que isto, que a Cidade de Porto Alegre através e por intermédio da sua Câmara de Vereadores, de seus representantes prestar sua homenagem a uma entidade que, ao longo de 40 anos, vem-se dedicando a preservar nossas raízes e a transmitir às novas gerações a nossa História e a História de nosso povo. Disse muito bem o Ver. Elói Guimarães o que significa um povo sem História. E eu diria mais; que a história de um povo depende, fundamentalmente, de suas raízes. O gaúcho, que tem as suas raízes profundas não pode, jamais, esquecer o seu passado, na sua viagem pelo futuro. E o CTG 35 tem uma enorme responsabilidade, neste passar de anos, na manutenção de nossas raízes e de nossa História.

Ao cumprimentar, mais uma vez, em nome da Mesa dos trabalhos, o CTG 35, encerra-se a Sessão.

 

(Levanta-se a Sessão às 18h53min.)

 

* * * * *